12 de julio de 2011

Perescere

Vejo o outro que sonhava despedir-se
e este que fica, consolando-se no ópio,
com o corpo dilacerado por lâminas
de fino corte e em cascata talhado.

E sentindo as lâminas cortar-me a carne,
apenas sussurro algo inaudível,
para não dar alento aos meus inimigos,
para não vestir a mortalha dos vencidos.

Caio para um andar mais baixo
onde abutres vis devoram minhas vísceras
e consinto a tudo por merecimento.

Deixo-me ficar ali perecendo entre larvas
e ofereço aos cães famintos:
que roam meus ossos!

Ivana Oliveira,
18 de julho de 2009.

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