28 de agosto de 2013



O feriado não justifica o ócio
O ócio não justifica o ébrio
O ébrio não justifica o sábio
O sábio não justifica o caos
O caos não justifica o tempo
O tempo não justifica a pressa
A pressa não justifica o gozo
O gozo não justifica o Fim.

Último devaneio



O sol desfalece no meu quintal
Pequeno pedaço de mundo
Onde enlutada, contemplo
As horas –kamikazes
E escavo os fósseis da felicidade
Felicidade das xícaras na mesa
Do beijo de boa noite
E o acordar com a luz
Deste que agora se vai
A vida que me soprava o alento
Me fala pouco do que fui
Existi e pronto
Fui um ponto
Um fim em mim
Um começo de nada
A nata que bóia e incomoda
O suspiro de alívio
Um  tom pastel
Imperceptível
Mas acaba o devaneio
De mim
Avisto-me num último raio
Luz-ir.           

Ivana Oliveira, inverno/inferno de 2013.

Fênix



Dos sonhos, subtraído...
Me recolho na agonia do silêncio
No suicídio das horas
Do turbilhão de incertezas
E devaneios...
Surto!
Subjugo-me
Sucumbo ao chão
Devoro-me as entranhas
do ser...
Demoro-me
na languidez
Das cinzas
E em um instante...
Me encontro
Refeito...


Deixa que eu entardeça
Que eu anoiteça
Não me prive
Vem e me prove
Não posso ser manhã a vida inteira
A estrada é longa, mas passageira
E a frescura  da manhã se escapa pela pele
Desfruta da calidez do meu corpo entardecido... e lasso
E quando eu me anoiteça
Cala a minha boca com teu beijo
Me embala em teus cabelos
E assista o último suspiro...




Ivana Oliveira, qualquer dia sem razão de 2013.

Sobre ler poesia

Ler poesia é ler além do espinho, a rosa;
É ler a lama malcheirosa;
É ler estrelas nos olhos de uma criança;
Ler o mar filosofando sobre a vida;
É ler o rio no  fluir de sua dança;
É ler a formiga na sua lida;
É ler o vento anunciando o porvir;
Ler o céu e suas nuances de cor;
É ler o abismo e a montanha;
É ler a rocha e a relva;
É ler a luz e a treva;
E ainda a penumbra;
É ler com olhos fechados...
A ausência,
O silêncio.

Ivana, em algum dia louco de 2012.